quinta-feira, abril 17, 2008

Desenho é para ser visto

Às vezes nos cobramos em demasia sobre a qualidade daquilo que fazemos. Buscamos comparar nossa produção com a de nossos ídolos ou inspiradores e, quase invariavelmente, nos julgamos muito aquém de suas qualidades como artistas. Sonhamos com nossos desenhos publicados em veículos consagrados, revistas de alta vendagem ou livros de ampla divulgação. E, desconfiados da nossa humilde produção, deixamos nossos desenhos nas gavetas ou guardados em alguma pasta.

Desenhos são feitos para serem vistos. Não importa se publicados em outdoors pelo mundo afora ou em um fanzine mixuruca, impresso em xerox de má qualidade. O importante é expor os desenhos, independentemente se isto é conseqüência de um trabalho profissional ou de uma simples brincadeira de “galera”.

A tecnologia abriu várias possibilidades. Há os blogs, fotologs e sites onde se pode publicar desenhos, hqs e animações gratuitamente, permitindo que um extraordinário número de pessoas tenha acesso ao nosso trabalho. É uma boa idéia pra quem procura ser visto ou ver o que acontece no mundo das artes visuais.

E não estou nem contando os sites e publicações “oficiais”. Vasculhando o Orkut, fotolog e blogs podemos encontrar todo o tipo de arte produzida por profissionais do ramo, amadores e malucos que, mesmo sem muita técnica, têm muita vontade de publicar.

Mesmo com toda facilidade que a internet nos traz, o fanzine impresso ainda mantem o seu charme. Do mais elaborado até o supracitado “zine em papel xerox”, ainda encontramos em abundância por aí estes “jornaizinhos” onde aliviados da censura “institucional” seus autores nos premiam ou aborrecem com sua visão de mundo.

A Casa contribui para a sobrevivência do fanzine impresso com O Reboco e com o Laboratório. O Reboco comemora, na edição nº 15, seu quarto ano de vida e, durante este período, já publicou desenhos e hq’s de muitos alunos que hoje atuam profissionalmente no ramo de ilustração, diagramação e produção de histórias em quadrinhos. É um “fanzine escola” que possibilita aos muitos alunos o primeiro contato com o mundo da produção editorial.

Então (e aqui me dirijo especialmente aos alunos da Casa) não deixe seu desenho numa gaveta fria e escura, abandonado às traças ou entregue às baratas. Exponha-o no mural da escola, publique-o n’O Reboco ou junte um bando de desenhistas doidos e crie seu próprio fanzine e saia distribuindo-o por ai. E sempre conte com a possibilidade das pessoas gostarem do seu desenho. Acontece com uma freqüência maior do que imaginamos!


Eduardo Bernardes (Prof. Desenho Artístico Avançado)

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